terça-feira, 9 de junho de 2009

Filme Garapa


Assisti no último domingo, 06 de junho, ao novo documentário do brasileiro José Padilha "Garapa". O filme causa um intenso mal-estar. Segundo o diretor, em várias entrevistas que li, o seu objetivo é chamar a atenção da população para um problema que atinge cerca de 920 milhões de pessoas no mundo.
Fico me perguntando se para chamar a atenção para um problema tão grave, é preciso exibir cenas de crianças nuas tomando garapas e cheias de feridas. Há uma cena que mostra uma criança chorando com dor de dente. Em outra cena a criança não tem mais a dor de dente porque alguém da produção trouxe um remédio, e agora? E a vida dessa criança? O seu bem-estar físico, emocional e psíquico?
Felizmente, as notícias que tenho é que o diretor está ajudando, a partir dos recursos que o filme tem gerado, às famílias que são expostas na película.
Destaco no filme do Padilha, a inoperância dos homens. As mulheres carregam o mundo nas costas. Nas 3 famílias retratadas, elas buscam água em açudes, levam as crianças para acompanhamento médico, lavam, passam, cozinham..... E os homens? Uns bebem e outros não agem, estão sempre parados e parados.
De todo modo, é um filme brasileiro, vale prestigiar, mas não podemos simplesmente nos emociarmos com as imagens e depois, simplesmente, esquecermos e cuidarmos da nossa "vidinhazinha". Ainda acredito que o caminho para superarmos tantas desigualdades é a organização e a luta coletiva. O audiovisual é uma denúncia eficiente e serve para mobilização, porém, se não agirmos, nada muda.