domingo, 28 de agosto de 2011

Sobre alfabetização das crianças


Como formadora de professores no curso de pedagogia e atuante na docência há 26 anos, não poderia deixar de registrar neste blog, os resultados divulgados no último 25 de agosto sobre a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização). Este exame foi realizadao por meio da parceria entre o Movimento Todos Pela Educação com o IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o INEP. Os resultados demonstram o que todos nós que atuamos na educação sabemos: a escola não consegue garantir o direito à aprendizagem às nossas crianças. O estudo indica que 56,1% das crianças aprenderam o que era esperado em leitura, e, 42,8% em matemática. Os alunos da rede privada alcançaram 216, 7 pontos em leitura e os da rede pública ficaram com 175,8 pontos.

O que me assustou foi o modo como os dados foram divulgados pela grande mídia. O foco foi a comparação sem critérios entre as redes pública e privada, ao invés de levantar a discussão sobre como, podemos todos, ampliar a aprendizagem das nossas crianças. Sabemos que aprendizagem é social. Crianças com uma vida cultural mais estimulante tem muito mais condições de aprendizagem na escola do que crianças com limitações de acesso aos bens culturais. Outro dia ouvi na rádio Nacional FM Brasília, um jornalista afirmando que a aprendizagem das crianças não é uma responsabilidade somente da escola, pois todos devemos melhorar o seu entorno. Crianças de famílias pobres neste país, muitas vezes, o seu entorno é tão somente receber informações da televisão, mídia que propicia pouca interação.

Claro, que a escola tem o seu papel e deve fazê-lo com maior precisão, pois educar é algo muito sério. Entretanto, o que vejo em muitas escolas públicas (DF) é a descontinuidade da educação de crianças. As constantes interrupções das aulas por paralisações, atestados médicos, abonos e outras formas de dispensar os estudantes são elementos que precisam ser pensados e repensados pelos gestores educacionais. Não quero aqui colocar a conta desses problemas para os professores. Vejo que isto é um problema da gestão da educação. Por que os professores adoecem tanto? Por que necessitam se ausentar da escola inúmeras vezes? Os gestores precisam responder a essas questões e construir procedimentos para garantir o direito das crianças ao aprendizado.




Um comentário:

Nair Tuboiti disse...

Tudo isso me remete para uma situação do ensino brasileiro, uma abertura para alfabetizar em três anos, ou seja, até os 8 anos de idade. O que significa isto,tendo em vista o que Bruner nos diz: aprendemos qualquer coisa em qualquer época. Nada mais do que manter a profecia de fracasso escolar reinando no sistema de educação brasileira. É preciso agirmos com urgência e fazer valer o direito a educação, além de frequentar a escola, o direito a qualidade do ensino em todas as fases... Estamos perdendo tempo, é necessário imprimir ritmo e democratizar o saber.